domingo, 6 de abril de 2014

O MANÍACO DA SERRA


Entre os anos de 2000 e 2001, em Teresópolis, no Rio de Janeiro, meninas eram convidadas a conhecer e/ou trabalhar na distribuição de panfletos da casa de magia cigana intitulada “Portal dos Deuses” que, em seguida, trocou seu nome para “Recanto dos Orixás”, mais um dos consultórios espirituais espalhados pelo Brasil.

Cláudia Cahet (15), uma jovem que trabalhava neste local, desapareceu da casa de seu patrão em abril de 2001, sendo encontrada morta 24 horas depois... denunciado por um parente de Cláudia por assédio sexual à menina, seu patrão, suspeito do crime, Paulo Bianchi Yanovich, foi conduzido à delegacia. Embora não possuísse residência fixa, deixou Teresópolis após ser liberado pela justiça. Apresentou como moradia a cidade de Volta Redonda, à quilômetros de distância do local onde os crimes foram cometidos e se tem notícia de que circula em outros Estados, como Minas Gerais e São Paulo.

Cláudia não foi a única vítima, mas sim a quinta – e última, pelo que se tem notícia – de uma série de assassinatos onde apenas duas sobreviveram – Denise (14) e Simone (19) – tendo feito seu retrato falado e, posteriormente, o reconheceram em sede policial.

As outras vítimas foram Iara Santos (14) e Fernanda Venâncio Ramos (17), assassinadas no ano anterior (2000). Segundo informações, em regra, as meninas foram sequestradas da porta do Colégio Edmundo Bitencourt, entre 12 e 13 horas, sempre as quartas-feiras, mantidas em cárcere privado, estupradas com seus próprios cadarços e seus corpos deixados entre objetos de magia, seguindo o ritual dos cinco elementos – madeira, terra, fogo, água e metal – em um pentagrama invertido, ainda vestiam os uniformes.

Para a identificação do suspeito foi feito um retrato falado pelas vítimas sobreviventes, que o identificaram em sede policial, o caso possui indícios de participação do mesmo suspeito, as vítimas foram sequestradas no mesmo dia da semana e horário, encontradas em locais com objetos de magia negra que não foram recolhidos pela perícia e o carro usado nos sequestros foi encontrado escondido na caso do sogro de Paulo, em Nova Friburgo... o carro pertencia ao pai de Paulo.

Acredita-se que as mortes ocorreram em uma espécie de ritual para aumentar a fertilidade/virilidade e, segundo os ciganos, sacrifícios com garotas virgens seria extremamente eficaz. Isso garantiria a tradição cigana, onde ter muitos filhos representa poder. Um tio do acusado, João Yanovich, que foi ao Ministério Público para confirmar ser Paulo o autor dos homicídios em parceria com outros membros da família, foi assassinado a tiros em casa.

Paulo foi liberado pela justiça após o exame de DNA, coletado pelo estupro das jovens, ter resultado negativo... no entanto, o perfil genético concluiu que a amostra pertencia a alguém de sua família. Especula-se se as amostras não tenham sido trocadas, pois, Paulo era (ou é) uma pessoa abastada.

Quanto a umas das vítimas sobreviventes, a juíza decidiu não levar Paulo a julgamento por tentativa de homicídio, aceitando álibi confirmado por um padre de que Paulo estaria na hora do crime em uma igreja em outro município. A magistrada impronunciou o acusado em três dos crimes, só o denunciando em dois casos e, segundo poucas notícias, parece que só seria julgado por um dos homicídios... a família de uma das vítimas, sem ter a quem recorrer, levou o caso à mídia, como mostra o vídeo: http://youtu.be/nv_p_rCq0mU.

Outro caso ocorreu em Curitiba, envolvendo membros da família:

no dia 10 de abril de 2006, na cidade de Quatro Barras, no Paraná, Giovanna dos Reis Costa (9) foi sequestrada enquanto vendia rifas para a festa de Páscoa da escola. Foi assassinada da mesma forma como os crimes ocorridos em Teresópolis. Quando as suspeitas recaíram sobre a família cigana Petrovitch – Pero Theodoro Petrovitch Vichi (18) e sua mulher, uma jovem de 15 anos, além do sogro, Renato Michel – iniciou-se uma investigação e descobriram que Paulo Yanovich é seu parente. Estranhamente, o corpo de Giovanna foi lavado, não encontrando nenhum vestígio de sêmen.

Na noite em que a menina desapareceu acontecia uma festa na casa dos ciganos – possivelmente o ritual que resultou no bárbaro assassinato. De acordo com os peritos, Giovanna foi sangrada viva; introduziram um objeto em sua vagina de modo que o sangue escorresse e fosse recolhido, o que perdurou por mais de uma hora, quando, então, a menina foi asfixiada pelos assassinos. Seu corpo foi encontrado no dia 12, em um terreno baldio, no Jardim Patrícia, perto de onde morava, dentro de um saco de lixo azul, nua e amarrada com fios de luz. Na casa de Pero a polícia encontrou vestígios de sangue humano e na casa da família dele, em Curitiba, um envelope com o nome da menina.

Vera Petrovich, mentora intelectual do crime contra Giovanna, aguardava o sangue da menina para garantir a virilidade do outro filho que se casaria nos próximos dias. Foram presos em 2007, em Araçatuba, São Paulo, Vera e seu filho Pero Petrovich, e transferidos para Curitiba. Renato Michel ainda permanecia (ou permanece) foragido.

Em 14 de março de 2012, levados ao Tribunal do Júri, foram inocentados “por falta de provas” a pedido do próprio Ministério Público.


Fonte: Blog Isabela Oliveira Nardoni
           Gabriela Sou da Paz
           Paraná Online


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